A província do Zaire faz fronteira a oeste com o Oceano Atlântico, a norte com a República Democrática do Congo, a este com a província do Uíge e a sul com a província do Bengo. É constituída por 6 municípios: Mabanza Congo, Soio, Nezeto, Cuimba, Nóqui e Tomboco. O principais rios da província são o Congo, o Medridege, o Lufunde, o Zadi, o Cuílo e o Buenga. É uma região bastante plana não atingindo mais de 200m de altitude. A lingua mais falada é o Português sendo que a lingua regional é o quicongo. Para se chegar á província poderá se usar a estrada N100 que liga Luanda ao Soyo, Existem também o Aeroporto de Moisés Artur em M'banza Kongo e o Aeroporto do Soyo.
Economia: A agricultura da região caracteriza-se por uma agricultura de subsistência com as culturas de mandioca, amendoim, gergelim, batata, feijão, bananeira, de palmeira de dendém, de cajueiros, de citrinos e a tradicional cafeicultura. Existe alguma atividade piscatória no rio Congo e no litoral da província. A industria existente concentra-se no processamento de petróleo, gás e óleos, com o importante polo de Cuanda, na cidade do Soio. O mesmo polo industrial também é especializado na indústria pesqueira e na estalagem e manutenção de embarcações. Já a capital provincial têm o seu pequeno polo industrial especializado na agroindústria de beneficiamento de carnes, couro e leite, havendo também unidades de fabricação de bebidas, de têxteis e de materiais de construção. Na extração industrial está o factor económico mais importante desta província, assentando-se na exploração de petróleo. Outros dos principais recursos naturais sob regime de extração industrial são o fosfato, o cobre, o ouro, o zinco, o betume, o volfrâmio, o estanho, a mica, o chumbo, a magnetita, o vanádio e a madeira.
Património Natural: De destacar as grutas de Zau Evua,
Clima: O clima predominante é o tropical savana, sendo que no litoral sul o clima é semiárido quente. As temperaturas da região variam entre os 24º e o 26º C
A formação da província do Zaire confunde-se com a história de um dos mais poderosos estados pré-coloniais da África, o reino do Congo, que dominava todo o curso inferior da bacia do Congo.
Inicialmente habitada por pigmeus, a demografia da região mudou radicalmente durante a grande migração banta para o sul, onde um subgrupo étnico formou-se entre os que assentaram-se no vale do baixo rio Congo, mais próximo da foz desse no Atlântico. Esse subgrupo banto são os congos, que consolidaram a ocupação da região em meados do século XIII.
Formação política pré-colonial
A partir do século XIV os congos passaram a organizar-se politicamente, formando o poderoso reino do Congo, a partir da reunião dos reinos Ampemba Cassi e Bambata. O antigo reino de Bambata acabou por tornar-se um ducado dentro do reino, nas terras que atualmente formam a província do Uíge.
A fundação do reino do Congo se deu com a investidura de Luqueni-lua-Nimi como primeiro rei, em 1390, fixando capital em uma localidade por nome Nisi Cuílo, em territórios do Congo-Quinxassa.
Já politicamente forte, o reino do Congo organizou uma expedição e conquistou o reino rival de Muene Cabunga, que tinha sua capital, Mongo-dia-Congo, ao sopé de uma montanha ao sul. A cidade mudou de nome, passando a chamar-se Mabanza Congo, para onde o rei do Congo mudou-se e fez seu palácio.
Contatos com os portugueses
Em 1483, o explorador português Diogo Cão navegou pelo rio Congo, descobrindo inúmeras aldeias ribeirinhas, tornando-se o primeiro europeu a encontrar o reino do Congo. Diogo Cão deixou um de seus homens no Congo e levou alguns nobres da corte congolesa para Portugal. Ele retornou com os nobres congoleses em 1485, convertendo ao cristianismo o rei Nzinga a Nkuwu que, batizado em 1491, tornou-se João I do Congo. Os principais nobres da corte congolesa também foram batizados, começando pelo governante da província do Soio, Manuel I do Soio. Ao mesmo tempo, os cidadãos congoleses alfabetizados que regressavam de Portugal abriram algumas escolas no Congo.
O período de aproximação comercial, política e econômica com os portugueses também foi marcado pela própria expansão territorial do reino do Congo, onde, nas guerras empreendidas contra os reinos e povos vizinhos, angariava-se a principal matéria de exportação congolesa, o trabalhador escravo. O principal entreposto de comércio de Portugal com o Congo era São Tomé e Príncipe.
Tensões com Portugal e a derrocada do reino do Congo
As divergências entre Portugal e o Congo foram surgindo, principalmente relacionadas ao comércio de escravos e à interferência na escolha dos sucessores do trono congolês, aliado ao fato dos governadores da Angola portuguesa se tornarem mais agressivos e intolerantes com a autonomia do Estado africano. Essas tensões levaram a Guerra Luso-Congolesa de 1622, que resultou numa vitória congolesa.
Essa vitória congolesa e a deterioração das relações com Portugal foram cruciais para o sucesso da ocupação holandesa de Angola, onde o reino do Congo preferiu apoiar as ambições holandesas, que julgavam ser mais alinhadas às suas. Nesse tempo o Congo enfrentava seus próprios problemas internos, com uma guerra civil entre 1641 e 1645.
O golpe fatal foi a disputa com Portugal pelas posições na província de Ambuíla levou à batalha de Ambuíla, gatilho da segunda guerra civil, que duraria de 1665 até 1709. Esses conflitos foram os pontos de inflexão para o reino do Congo, o enfraquecendo politicamente, perdendo de fato a condição de Estado independente, passando a Estado vassalo do Reino de Portugal.
Protetorado do Congo Português
O reino do Congo manteve-se instável durante o século XVIII, ensaiando uma tímida recuperação no século XIX, que viria ser frustrada por Portugal que, antevendo a Conferência de Berlim, negociou, entre 1883 e 1885, com os vários reinos do baixo rio Congo, a constituição do Protetorado do Congo Português, em terras que atualmente incluem, além do Zaire, as províncias de Cabinda e Uíge.
Em 1914, a monarquia do Congo foi abolida, na sequência da vitória portuguesa perante a grande revolta do Congo.
Formação administrativa
Após a Conferência de Berlim Portugal apressou-se para criar o "distrito do Congo" (atual província do Uíge), como entidade administrativa do Protetorado do Congo Português, em ato no dia 31 de maio de 1887, cuja primeira capital foi a cidade de Cabinda. O protetorado foi extinto num longo processo entre 1912 e 1917.
Em 1922 o distrito do Congo divide-se em dois para dar origem ao distrito do Zaire, com esse quadro permanecendo até 1930, quando o Congo passa a tutelar a "Intendência-Geral de Zaire e Cabinda".
Posteriormente, pelo diploma legislativo ministerial nº 6, de 1 de abril de 1961, foi mudado o nome do distrito do Congo, passando a denominar-se "distrito do Uíge", e; a partir de terras divididas do distrito do Uíge, o mesmo ato recriou o distrito do Zaire (atual província do Zaire). Em 1972 todos os distritos angolanos tornaram-se províncias.
Período das guerras
Campo de refugiados angolanos, sob coordenação da FNLA, no Congo-Quinxassa, em 1973.
No dia 15 de março de 1961 iniciou-se um maciço ataque da FNLA (à altura ainda com a sigla UPA) na província, que durou cerca de três dias, estopim para a declaração oficial de guerra por parte de Portugal, o início formal da Guerra de Independência de Angola. As forças da FNLA invadiram postos administrativos e fazendas, matando todas as pessoas que encontravam, independentemente de serem brancos ou negros (já integrados no sistema colonial), homens, mulheres ou crianças. Terão morrido mais de 5000 pessoas, das quais um quinto de origem europeia. Os atacantes estavam armados de catanas e canhangulos. Em 10 de junho as tropas portuguesas iniciam as operações de retomada das áreas invadidas pelo FNLA, que se conclui em outubro do mesmo ano.
Os exercícios militares da FNLA conseguiram manter uma frequência ora vigorosa ora virtual até 1975, quando a derrota do movimento na tentativa de tomada das províncias do Bengo e Luanda o fez perder cada vez mais terreno para seu rival MPLA. Durante a Guerra de Independência e a Guerra Civil Angolana, grande parte dos congos fugiu para o então Zaire, levando a uma considerável diminuição da presença desta etnia em solo angolano.
Após a independência a fronteira seca com o Congo-Quinxassa tornou-se alvo preferencial de incursões e enfrentamentos entre a FNLA e o MPLA, sendo que na década de 1980 a maior parte do território zairense já havia tornado-se uma área relativamente segura.
Pós-guerras
Logo após a independência de Angola, muitos refugiados (e os seus descendentes) retornaram a Angola, com esse movimento tornando-se mais intenso a partir de 2002. Os imensos campos de refugiados angolanos no Congo-Quinxassa foram desmontados aos poucos.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Zaire_(província)
Kulumbimbi é a primeira igreja construída na África sub-saariana, por missionários católicos que faziam parte da primeira expedição portuguesa liderada por Diogo Cão, e que chegou a Angola em 1482.