Benguela

Explorar
Capital Benguela
População 2 477 595 (2018)

A maior parte da população pertence hoje á etnia dos ovimbundos, que foi durante o século XIX absorvendo diferentes grupos étnicos. Durante a Guerra Civil Angolana vários ovimbundos de outras províncias rumaram a Benguela e Lobito que cresceram bastante nas últimas décadas.  A principal língua falada é o Português  existindo também um dialeto benguelense e a lingua umbunda. 

Economia: A agricultura  da província está focada na produção de algodão, café, açúcar, bananas feijões. Na pecuária as criações de maior dimensão são os de suínos, e bovinos.  O sector industrial e mineração é bastante diversificado, desde a reparação naval, metalurgia, refinação de petróleo, processamento de carnes e industria leiteira. A industria extrativa é essencialmente virada para a exploração do Tungsténio, grafite e areias.  O comércio é vital para a economia da província, pois é de Benguela que saem para grande parte das outras províncias Angolanas muitos produtos básicos através da linha ferroviária e das rodovias existentes.  O turismo desempenha papel importante na província, sendo um importante destino de praia marítima. 

Património Natural: A província conta, com o Parque Natural da Chimalavera, o qual dista cerca de 30 Km da cidade de Benguela e que, abrangendo uma área de 150 Km2, antes dos conflitos armados, estava povoado de animais de pequeno e grande porte.  Também as belas praias Baía de Stº. António ou Baía das Vacas, Caota, Baía Azul, Caotinha constituem um importante património da província de Benguela. 

Clima: Ao sul tem um clima Tropical semi-desértico enquanto que a norte da província se verifica um clima tropical húmido. “Mesotérmico” na faixa interior sub-planaltica, com regime hídrico do tipo moderadamente chuvoso. Temperatura máxima 35,0º, a média 24,2º e a mínima 10,4º; humidade relativa 79% e, precipitação média anual 268mm. Solo de fertilidade variável, algumas reservas minerais disponíveis ao longo do litoral que vai diminuindo a medida que se caminha para o interior, principalmente aproximando-se das regiões planalticas.


Localização

Benguela

Benguela
Superfície 39 827 km²
Ver em Google Maps

História

Depois das comunidades pré-históricas, a difusão etnolinguística banta, em virtude do tráfico de escravos, veio criar as premissas institucionais que permitiram a instalação, entre 1615 e 1975, de povos doutras regiões do continente ou doutros continentes, como sejam portugueses, holandeses, franceses brasileiros, árabes, judeus e senegalenses.  Embora já tivesse recebido a presença e um padrão português em 1482 no Cabo de Santa Maria, foi somente a partir de 1578 que deu-se a fixação portuguesa na região da província de Benguela, perto da actual Porto Amboim. A fixação portuguesa marcou o início da exploração da região sul de Angola.

Capitania e reino

Ver artigo principal: Reino de Benguela

Em 1615 o reino de Benguela, até então uma pequena entidade política ovimbunda com domínio sobre a região da baía das Vacas, torna-se vassalo de Portugal, anexando várias ombalas do litoral e interior próximo. A constituição desse reino expandido vinha como resposta ao contexto vigente e necessidade na época, então identificada pela coroa lusa, de fazer a ligação por terra entre a costa ocidental africana e Moçambique, visando a fortificação e consolidação do reino de Portugal. Mesmo com o reino de Benguela anexando várias ombalas, a organização política dos ovimbundos no litoral sempre foi mais fraca do que aquela observada no Planalto Central de Angola.

Por essa altura, Angola ficou geograficamente estruturada por "quatro reinos" principais e uma miríade de estados satélites, sendo os principais o reino do Congo, o reino de Angola, o reino Lunda e o de Benguela (até então o único vassalo de Portugal), este último com regime administrativo de tipo autónomo, sob liderança conjunta de um rei local. Criou-se em 1617 oficialmente a "capitania de Benguela", para servir de entidade administrativa colonial junto ao reino de Benguela, tendo um governador com a função de capitão-tenente. Montado o arcabouço político-militar, os representantes coloniais massacraram e submeteram à escravidão as populações vandombe de Cingongo (cujo sistema sociopolítico, por serem povos pastores, era instável) e edificaram um presídio.

Contudo, não se verificaria a possibilidade da exploração da região como se previu, nem a localização da cidade foi a mais favorável, pela existência de pântanos e de um subsolo cujo principal recurso era o cobre, de qualidade aquém da esperada. Nestas condições, emergindo entre quintalões mercantis, desenvolveu-se um entreposto comercial, alimentado pelos armadores negreiros, que tomou a designação de Ombaca, do qual se ergueu a configuração arquitectónica da capital provincial de Benguela. Até ao século XIX a rota saída de Ombaca interligava-se com o resto do sertão através do reino Bailundo ou passando por Caconda, Quiaca, Quipeio, Huambo e Sambú, tendo em vista alcançar os trabalhadores covongos, que eram importantes guias sertanejos e tropeiros do Bié, que davam acesso ao resto de África.

Século XIX

Assentamento da linha de decauville na fazenda Boa Vista, na província de Benguela, em 1910.

O "distrito de Benguela" foi criado em substituição à "capitania de Benguela" em 1779, como resposta às pretensões coloniais francesas, britânicas e belgas em Angola, com jurisdição sobre todo o sul da colônia; a partir de 19 de abril de 1849, Angola passou a contar com 3 distritos: Luanda, Benguela e Moçâmedes. Mais tarde foram criadas em Benguela as vilas do Bocoio, do Balombo e da Ganda. Em 1885, as diversas potências europeias colonizadoras assinaram os acordos da Conferência de Berlim nos quais foram estabelecidos os tratados com vista a delimitar os vários territórios de África. Além da progressiva definição da fronteira de Angola, através de acordo pontuais com os países colonizadores vizinhos, os acordos previam a instalação de um governo efectivo do território, o que implicou uma intensificação da ocupação militar e um aumento dos incentivos à fixação de agricultores no interior do país, sob pena de perda do reconhecimento do direito à colónia pelos restantes países europeus, essencialmente França, Holanda, Alemanha, Bélgica e Inglaterra. A industrialização regional iniciada no final do século XIX, com as fábricas de açúcar, o porto do Lobito e o Caminho de Ferro de Benguela, foi atraindo uma mão-de-obra variada de diferente partes do mundo. Com a mudança das estratégias de penetração europeia, a partir de meados do século XIX, assistiu-se a uma escalada de conflitos em todo o território angolano, excepto em Cabinda, por respeito aos tratados de protecção assinados com os portugueses. A província de Benguela chegou a ser a base de operações da Segunda Guerra Luso-Ovimbundo.A fundação da cidade do Lobito em 1913 teve uma motivação diferente, uma vez que ocorreu como resposta á geopolítica internacional, através do investimento na área dos transportes, que se traduziu na construção do Caminho de Ferro de Benguela e do porto do Lobito, para ligar o interior de África á Europa colonizadora. A queda de cotação internacional do sisal mudou o rumo de Benguela. A reconversão da actividade económica foi feita através de uma aposta na pesca. A costa de Benguela é muito rica em recursos piscatórios e o desenvolvimento da actividade pesqueira levou ao crescimento da população residente.

Século XX

A partir de 1940 povos de outras origens, como os alemães, cabo-verdianos e são-tomenses fluíram em grande escala para a região. As populações de origem europeia emigravam por causa da guerra, esse mesmo motivo fazia as populações do interior do país migrarem para o litoral. No processo que levou a independência de Angola, a província foi área de grandes conflitos tornando-se mais intensos com a aproximação de novembro de 1975 quando, durante a operação Savana, a Força de Defesa da África do Sul tomou as principais cidades da província e as entregou às tropas da UNITA. Durante o ano de 1976 o MPLA e Cuba, inseridos na operação Carlota, conseguem recuperar parcialmente a província benguelina.

Ver mais

Símbolo

Acácia Rubra

Acácia Rubra

No início de Novembro, Benguela cobre-se num manto vermelho vibrante, daí ser apelidada como a terra das “Acácias Rubras”.